Estado do Rio tem mais cinco casos confirmados de contágio por pessoas que voltaram de viagens à Europa. Na Itália, governo proíbe deslocam...
Estado do Rio tem mais cinco casos confirmados de contágio por pessoas que voltaram de viagens à Europa. Na Itália, governo proíbe deslocamentos
Garota de programa da Termas Aeroporto, Angel mostra que em cada quarto há um 'dispenser' de álcool gel -
Fotos de Gilvan de Souza
BAIXADA FLUMINENSE - A Secretaria Estadual de Saúde (SES) confirmou, ontem, mais cinco casos do novo coronavírus no Rio de Janeiro. Com isso, chega a oito o número de infectados no estado. Outros 123 casos suspeitos são monitorados pela SES. Dos novos pacientes, quatro residem na capital e um em Niterói. Todos estão em isolamento domiciliar e apresentam quadro de saúde estável.
Em todo o país já são 30 casos confirmados, incluindo os do Rio. Mas de acordo com boletim divulgado na tarde de ontem pelo Ministério da Saúde, que ainda não contabilizou as ocorrências fluminenses, são 930 suspeitas do Covid-19, um aumento de 40% em relação ao domingo.
Dos novos pacientes confirmados no estado, todos retornaram de viagens à Europa, entre os dias 3 e 5 de março, com passagens por Itália, Portugal, Espanha, Suíça, Holanda, Israel, Egito e Grécia. Eles apresentam sintomas como febre, tosse e mialgia. Quatro recorreram à rede de saúde particular e um recebeu atendimento médico domiciliar.
Em Niterói, que teve o primeiro caso da doença confirmado, o paciente é um homem de 27 anos. Na capital, são dois homens, de 42 e 70 anos, e duas mulheres, de 56 e 61 anos.
"Reforço que continuamos sem transmissão ativa do vírus no Rio. Os casos confirmados até agora são provenientes do exterior. Permanecemos no Nível Zero do nosso plano de contingência. Alerto a população para os cuidados para prevenir o contágio, como higienizar as mãos com frequência e evitar levá-las ao rosto", enfatizou o secretário estadual de Saúde, Edmar Santos.
Termas perto de aeroporto: contato com estrangeiros
Angel: receio com estrangeiros - Gilvan de Souza / Agencia O Dia
Na Termas Novo Aeroporto, localizada na Avenida Beira-Mar, no Centro, a frequência de estrangeiros é grande, principalmente de japoneses. Por lá, passam cerca de 20 clientes por dia.
Por conta disso, o dono do local orientou as funcionárias a tomar algumas medidas de precaução para evitar a contaminação pelo coronavírus. Entre elas estão o uso do álcool gel, disponibilizado em 'dispensers' em cada quarto. A limpeza dos dormitórios também é feita com minuciosidade, para prevenir outras doenças.
A garota de programa Angel falou sobre o medo da transmissão do Covid-19 por seus clientes. "Já tive contato com latinos e com homens que rodaram o mundo todo, como Europa, China, Estados Unidos e Austrália. Não é nem questão de só lavar as mãos, eu entro direto para o banho, logo depois de estar com eles", contou. "Evito beijar, só faço quando o cliente pede. É uma doença nova, que não tem cura, as informações são poucas, então fico preocupada, sim", acrescentou a profissional do sexo.
Com três netos em casa, todo cuidado é pouco no transporte
O taxista José Marcelo: no aeroporto só de máscara e luvas -
Foto de Gilvan de Souza / Agencia O Dia
No Aeroporto Santos Dumont, a preocupação grande com o coronavírus levou ao uso de máscara por alguns funcionários e passageiros nos vôos.
O taxista José Marcelo, de 50 anos, trabalha no ponto do aeroporto há 10 anos e comprou um kit completo para se proteger: máscara, luva, álcool gel e lenços umedecidos. "Tenho três netos e não posso arriscar pegar essa doença. Se a pessoa tosse, eu já abro os quatro vidros", relatou ele.
Em seu carro, passam cerca de 15 passageiros por dia. "Algumas pessoas estranham a máscara e perguntam se estou resfriado. Mas se cuidar nunca é demais. Procuro me proteger o máximo possível. Estamos todos preocupados", completou José.
Diversão na rua, mas só com álcool gel na bolsa
As amigas Milena, Priscila e Maíra: bolsas sempre equipadas
Foto de Gilvan de Souza / Agencia O Dia
O novo vírus em circulação mudou também os hábitos das irmãs Milena e Maíra Rosa e da amiga Priscila Oliveira. Elas não deixam de levar álcool gel na bolsa e estão optando por ambientes ao ar livre. Ontem, tomavam uma cervejinha em uma rua da Tijuca. "Em ambiente fechado, a gente se preocupa mais. Fico sempre lavando a mão e não dá para beijar 'crush' gripado", brincou Priscila.
"Temos que ter cuidado, mesmo. O carioca já tem mudado o comportamento, todo mundo comprando o álcool gel. No transporte público, quando alguém espirra, já assusta", completou Milena.
OMS cita pandemia pela 1ª vez
Na Itália, país europeu com o maior número de infectados e de mortos pelo Covid-19, o governo decretou, ontem, o bloqueio de deslocamentos para conter a propagação do coronavírus. "Nossos hábitos precisam mudar, agora. Fique em casa", disse o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte.
A ida para os locais de trabalho ainda será permitida, mas escolas e universidades permanecerão fechadas até o dia 3 de abril.
Em todo o mundo já são 109.578 casos confirmados e 3.809 óbitos. Somente na Itália houve um aumento de 377% do número de mortes.
Para o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, a ameaça de uma pandemia de coronavírus se tornou real.
"É problemático que tantos países e tantas pessoas tenham sido atingidos de forma tão rápida. Mas essa seria a primeira pandemia da história passível de ser controlada. Estamos encorajados pela Itália a tomar medidas agressivas para conter a epidemia e esperamos que essas medidas se mostrem eficazes", disse ele.
por: O DIA
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