A abertura do inquérito foi um pedido do Ministério Público Federal (MPF), que também solicitou informações ao Iphan e à Supervia sobre o atual estado do imóvel e sobre o que será feito após o ocorrido.
A abertura do inquérito foi um pedido do Ministério Público Federal (MPF), que também solicitou informações ao Iphan e à Supervia sobre o atual estado do imóvel e sobre o que será feito após o ocorrido.
JAPERI - Após um pedido do Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal irá instaurar um inquérito para apurar as causas do incêndio que atingiu o casarão histórico da estação de trem de Japeri, na Baixada Fluminense.
O incêndio aconteceu na madrugada do último domingo (19), quando o fogo tomou conta do local. Não houve feridos. Parte do casarão histórico foi destruída, mas a estação retomou o funcionamento já na segunda-feira (20).
Para o MPF, é necessário investigar a origem do incêndio e se houve prática criminosa. A Polícia Federal vai realizar diligências e uma perícia na estação.
O Ministério Público também pediu providências sobre o inquérito civil que acompanha a proteção do patrimônio histórico das estações ferroviárias da Baixada Fluminense.
O local é um patrimônio histórico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (IPHAN). O MPF pediu ainda informações ao Iphan e à Supervia sobre o atual estado do imóvel e sobre o que será feito após o ocorrido.
Segundo a SuperVia, o local tinha sido restaurado no ano passado por cerca de R$ 2 milhões.
Valor histórico
O incêndio que destruiu o casarão da Estação de Japeri representa uma perda para a cidade e também para a história do transporte ferroviário no Brasil.
Segundo o Iphan, o prédio foi construído em 1858. Embora não totalmente comprovado, especula-se que o inglês Edward Price tenha comandado as obras da estação, feitas com materiais vindos da Europa – não por acaso, o casarão tem características rústicas comuns em construções encontradas no norte do continente europeu.
Desde 2010, o prédio integra o Patrimônio Ferroviário valorado pelo Iphan. Três anos antes, em 2007, a Lei 11.483 atribuiu ao Iphan a responsabilidade de receber, administrar e zelar pela manutenção dos bens móveis e imóveis de valor artístico, histórico e cultural oriundos da extinta Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA).
Em seu site, o Iphan afirma:
"Espinha dorsal de todo o sistema ferroviário, a Linha Japeri – então denominada Belém – foi o primeiro trecho da Antiga Estrada de Ferro Dom Pedro II. Conectava Belém à estação Dom Pedro II, atual Central do Brasil, e em 1875 o trecho se expandiu até o estado de Minas Gerais.
A embrionária malha ferroviária brasileira destinava-se a escoar o café do Vale do Paraíba e outros produtos agrícolas voltados para o comércio exterior. Embora esse aspecto prático tenha inspirado a criação das linhas de trem, muitos outros efeitos decorrem do desenvolvimento da infraestrutura de transportes, como o da migração populacional e o crescimento de centros urbanos. É o caso da cidade de Japeri, que se originou no entorno da estação férrea e até hoje mantém uma relação intrínseca com o local".
Ainda de acordo com o Iphan, a princípio, o prédio se destinava à bilheteria e ao deslocamento dos viajantes que embarcavam e desembarcavam dos trens.
Após a inauguração de uma nova estação nas proximidades, para dar vazão ao fluxo intenso de passageiros, o prédio histórico perdeu parte da movimentação que costumava receber.
Propriedade do Governo do Estado do Rio de Janeiro, a estação está sob concessão da SuperVia, que investiu cerca de R$ 2 milhões no restauro. O Iphan acompanhou a realização das obras, iniciadas em novembro de 2018 e concluídas em outubro de 2019.
COMENTÁRIOS