JAPERI - Anunciada há oito anos, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Japeri era a esperança de moradores da cidade obrigados a rec...
JAPERI - Anunciada há oito anos, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Japeri era a esperança de moradores da cidade obrigados a recorrer o a outros municípios quando precisam de atendimento de média e alta complexidade. Orçada em R$ 2 milhões e com recursos do Ministério da Saúde, a UPA, em Engenheiro Pedreira, não saiu do papel. A prefeitura recebeu R$ 1,8 milhão, em duas parcelas. Como não concluiu o projeto, terá que devolver o valor ao governo federal. E corrigido. Quem saiu perdendo foi a população.
— Temos a policlínica que atende emergência, mas não casos graves. Quando um paciente precisa de transferência da policlínica para um lugar com suporte, tem que entrar com ação judicial. A UPA mais próxima que temos é a de Queimados, mas é difícil conseguir atendimento em outro município — lamentou a bacharel em Direito Kathelyn Santana, de 24 anos.
A Bacharel em Direito Kathelyn Santana, de 24 anos, lamenta por ter que buscar
atendimento médico em outro município. Foto: Cléber Júnior
No local, há tapumes de alumínio e forros de PVC caídos pelo chão. A estrutura está enferrujada e os banheiros, com a tubulação quebrada. Segundo o Ministério da Saúde, a obra começou em julho de 2012 e deveria ter sido entregue pela prefeitura em janeiro de 2014. Depois, o prazo foi prorrogado para mais nove meses, em caráter excepcional, mas também não foi cumprido.
Banheiros estão destruídos. Foto: Cléber Júnior
Para a dona de casa Valdenice Coelho, de 55, a UPA seria a garantia de um atendimento mais perto de casa, em caso de emergência:
— O ‘‘posto’’ fica a 20 minutos da minha casa. A policlínica é mais distante, tem que pegar ônibus para ir e não interna paciente. Se for um caso mais grave, é melhor ir para o Hospital da Posse (Hospital Geral de Nova Iguaçu). É difícil saber que não vamos mais ter (a UPA).
A dona de casa Ágata Cristian de França, de 28 anos, lembrou a expectativa dos moradores quando a UPA foi anunciada pela prefeitura.
— Fiquei ansiosa, pensei que a gente teria um hospital melhor, mais perto de casa, mas não adiantou nada. A gente aqui é abandonado de tudo — reclamou.
A terceira e última parcela, no valor de R$ 200 mil, seria repassada pelo governo federal a Japeri apenas quando a Secretaria municipal de Saúde inserisse o atestado de conclusão de obras no Sistema de Monitoramento de Obras do Ministério da Saúde (Sismob), comprovando o término da construção. Mas isso não ocorreu. Por isso, a habilitação da UPA foi cancelada em 2018.
Em setembro de 2019, o município foi notificado quanto à devolução dos recursos, mas até o momento, segundo o Ministério da Saúde, não houve resposta. O EXTRA também questionou a prefeitura e não teve retorno. O processo de devolução dos recursos foi encaminhado à Força Tarefa de Ressarcimento do Ministério da Saúde (FTR). Em julho, Japeri solicitou o parcelamento da devolução, mas o pedido foi negado pela FTR.
Via: Jornal Extra
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