Equipamentos não tinham mais aval da Anvisa, segundo investigação. Secretária de Saúde do município foi afastada do cargo em operação da Pol...
Equipamentos não tinham mais aval da Anvisa, segundo investigação. Secretária de Saúde do município foi afastada do cargo em operação da Polícia Federal. Os desvios podem chegar a R$ 2 milhões, segundo a investigação.
JAPERI - Uma operação realizada na manhã desta terça-feira (6) apura desvios de R$ 2 milhões dos cofres públicos na compra de respiradores superfaturados para o tratamento de Covid-19 no município de Japeri, Região Metropolitana do Rio.
O delegado da Polícia Federal de Nova Iguaçu, Alessandro Magalhães de Moraes, afirma que os equipamentos eram obsoletos.
"Muito antigos, da época de fabricação da década de 80, 90, que sequer tinham licença mais da Anvisa em vigor. São equipamentos que, realmente, nem deveriam mais estar sendo ofertados, principalmente pelo preço que foi pago pela Prefeitura. Se pagou várias vezes o valor que seria devido pelo equipamento", afirma.
De acordo com o investigador, o produto poderia ser comprado em sites comuns e com valores mais baixos.
A secretária municipal de Saúde, Rosilene Souza Moraes dos Anjos, foi afastada do cargo, suspeita de irregularidades na compra superfaturada dos 10 respiradores.
Foram cumpridos mandados na prefeitura e no Hospital de Campanha, relacionados a outra compra suspeita: 20 monitores de batimento cardíaco e mais de 5 mil insumos que custaram R$ 1,8 milhão.
"A gente já percebe que o processo licitatório, no mínimo, ele foi pouco responsável na avaliação, no critério, e, principalmente na questão do preço, que é um item que chama muita atenção, o sobrepreço verificado", diz o delegado.
As investigações, iniciadas em junho, tiveram o apoio do Ministério Público do Rio de Janeiro, Controladoria-Geral da União e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Município não tinha hospital
Antes da pandemia, a população de Japeri não tinha um hospital no município. Apenas no início desse ano a prefeitura decidiu construir um hospital de campanha.
Para equipar a unidade, a prefeitura comprou respiradores obsoletos e de uma empresa que não existe no endereço informado, como o RJ1 já havia denunciado em junho.
Um dos contratos, no valor de R$ 1, 270 milhão, foi para a compra de respiradores. Mas o documento não especifica a quantidade. Outro contrato, com custo de R$ 537 mil, para a compra de bombas infusoras e equipamentos, que não foram especificados.
Um dos contratos, no valor de R$ 1, 270 milhão, foi para a compra de respiradores. Mas o documento não especifica a quantidade. Outro contrato, com custo de R$ 537 mil, para a compra de bombas infusoras e equipamentos, que não foram especificados.
A reportagem do RJ1 mostrou que no endereço onde a suposta empresa está registrada, há uma casa. Os vizinhos contaram que lá, moram Elvis Policarpo Neto e a mulher, Allethea Policarpo. O casal está registrado como sócio da empresa, mas ninguém nunca ouvir falar de empresa no local.
Por telefone, o RJ1 conversou com Elvis Policarpo Neto, na ocasião. Ele confirmou a existência do contrato, mas não soube dizer nem quantos respiradores teriam sido comprados.
"Olha, isso daí eu passei uma procuração para um rapaz comprar, mas na verdade a venda não foi nem concretizada ainda porque eu ainda não recebi nada, não recebi dinheiro", disse
Policarpo também não soube explicar que tipo de equipamento foi comprado pela prefeitura de Japeri.
O que dizem os envolvidos
A Prefeitura de Japeri informou que repudia qualquer tipo de responsabilidade com recursos públicos e que está colaborando com a Justiça para a identificação e punição dos envolvidos.
Elvis Policarpo, que aparece como sócio diretor da empresa EPN, que vende os respiradores, confirmou a existência do contrato, mas não soube dizer quantos respiradores foram comprados na época. Ele disse também que não recebeu nenhum direito da Prefeitura de Japeri.
Via: G1
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