Uma obra que foi lançada há quase dez anos, ao custo de quase R$ 2 milhões, nunca foi entregue na Baixada Fluminense. Trata-se da Unidade de...
Uma obra que foi lançada há quase dez anos, ao custo de quase R$ 2 milhões, nunca foi entregue na Baixada Fluminense. Trata-se da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Engenheiro Pedreira, em Japeri. O Ministério da Saúde enviou a verba, mas onde deveria funcionar a unidade, existem apenas os escombros de obra e ninguém sabe onde foi parar o dinheiro.
O anúncio da obra foi feito em 2012. Em dois anos, em 2014, os moradores de Japeri teriam uma UPA em Engenheiro Pedreira. O governo federal afirma que repassou R$ 1,8 milhão para os cofres do município.
Como a prefeitura nunca concluiu a obra, em junho de 2018, o Ministério da Saúde revogou a habilitação da UPA. A portaria foi publicada no Diário Oficial da União. Também foi determinada a devolução dos recursos repassados pelo Fundo Nacional de Saúde.
Desde a promessa da UPA, quatro prefeitos já comandaram a cidade. O Ministério da Saúde afirma que a prefeitura nunca devolveu o valor que recebeu para a construção da unidade. E a população, até hoje, não sabe o que foi feito com esse dinheiro.
"Entra governo, sai governo, e não sai do mato, que isso está no mato. É um dinheiro jogado fora", disse o porteiro Jonathan Max.
A dona de casa Vânia Oliveira Pereira tem cinco filhos e diz que depende de ajuda quando os meninos ficam doentes.
"O mais próximo aqui é a Policlínica, que muitas das vezes muitos não conseguem ir de ônibus, transporte, vão a pé, pedindo ajuda, socorro a um, a outro", contou a moradora.
A Policlínica fica no Centro de Japeri. De acordo com o Data SUS, há apenas nove leitos de UTI Covid na unidade. Outros quatros são de pediatria e 36 de clínica geral.
"A Policlínica hoje em dia ela atende emergência e clínica médica. O bom lá seria se fosse só clínica médica, só internação. Porque diminui bactérias, etc. e falta de medicamentos no posto de saúde, tem relatos, ambulâncias sucateadas", disse o autônomo Fernando Kaiser .
Os moradores contam que a saúde do município está precária. A dona de casa Irani Almeida tem um filho com esquizofrenia e há cinco meses não consegue pegar os remédios dele no posto.
"São quatro medicamentos. Aí, eu tenho tido que comprar. Eu comprei só três porque o Depacot não deu para comprar, porque não tinha dinheiro", disse a dona de casa.
Para quem vive em Japeri, a atenção que o poder público está dando à saúde é nenhuma.
"Sentimento de revolta, sentimento de revolta, de desprezo... de estar esquecido. De não ser valorizado. Porque quando vem a hora de se eleger, eles vêm até na tua porta, apertam tua mão, te chamam, te dão um abraço. E depois somem todos", disse Jonathan Max.
A Prefeitura de Japeri disse que a atual gestão, ao assumir em janeiro, tomou ciência do processo de devolução da verba e já pediu uma reunião com o ministro da Saúde para resolver as pendências dos governos anteriores.
Disse ainda que é do interesse da atual gestão retomar as obras da UPA. Mas que depende de um acordo com o Ministério da Saúde.
Via G1
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