TRANSPORTE - Dados da Agência Reguladora de Transportes Públicos (Agetransp), obtidos através da lei de acesso à informação, revelam que, e...
TRANSPORTE - Dados da Agência Reguladora de Transportes Públicos (Agetransp), obtidos através da lei de acesso à informação, revelam que, em janeiro e fevereiro deste ano, os usuários de trens do ramal de Japeri, na Baixada Fluminense, foram os que mais sofreram entre todos os outros passageiros que utilizam as composições da SuperVia, com viagens interrompidas ou partidas canceladas sem motivos justificados pela concessionária( quando não há interferência externa na circulação, como, por exemplo, ocorrências de segurança pública como furto de cabos). Só no primeiro mês do ano, foram registradas 149 supressões, o equivalente em média, a 4,8 cancelamentos ou interrupções por dia no tráfego ferroviário do ramal.
Em fevereiro, a realidade não foi muito melhor para quem usa o trem no ramal Japeri. No período, foram registradas 113 supressões, o equivalente em média, a 4,3 cancelamentos de partidas ou interrupções de viagem por dia. A estatística que apontou o ramal como o campeão em circulação prejudicada, sem motivo justificado, nos dois primeiros meses do ano, não surpreendeu a quem utiliza composições do ramal rotineiramente.
Têm sofrido muitos atrasos ( os trens). Geralmente quando há trem, a partida demora. Às vezes o trem para entre uma estação e outra por um tempo que varia de cinco a dez minutos e ninguém informa pra gente o que está acontecendo. Moro na Taquara e pego o trem em Madureira para ir trabalhar em Nova Iguaçu. Então, ou eu saio mais cedo de casa, ou já aviso que vou chegar atrasada — disse a funcionária pública Maria Clemente, de 24 anos.
Opinião parecida tem o barbeiro Mateus Soares, de 25, que usa os trens do ramal para se deslocar entre Austin e Nova Iguaçu.
— Há uns três meses ou mais está assim direto ( com atraso ou cancelamento). Se a pessoa tiver de ir a uma consulta médica corre risco de chegar atrasada. Se tiver de ir numa entrevista de emprego tem de sair bem mais cedo para não perder a chance de emprego — concluiu Mateus.
Em fevereiro, o ramal de Gramacho/Saracuruna, que passa por Duque de Caxias, aparece em segundo lugar na estatística com o registro de 92 supressões. Ou seja, o equivalente a 3,2 cancelamentos de viagens/interrupções por dia. Já em janeiro, a segunda posição foi ocupada por Belford Roxo com 95 registros do mesmo tipo. Nesta segunda-feira, deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito dos trens, instaurada na Assembleia Legislativa do Rio, inspecionaram o ramal de Gramacho.
Durante a inspeção foram detectados problemas de conservação da malha ferroviária. Uma barraca com mercadorias do tráfico também chegou a ser avistada pelos parlamentares, que estavam em uma composição de apoio, próximo à Estação de Manguinhos, bem às margens da linha do trem.
— Vimos até uma espécie de lojinha do tráfico, em Manguinhos. Encontramos trilhos e dormentes em mau estado de conservação, além de canaletas entupidas com lixo e vários trechos da linha com mato alto bem às margens. A presença discreta ou nenhuma do poder público faz a concessionária a operar como quer. O serviço prestado é precário — disse o deputado Waldeck Carneiro (PSB), relator da CPI dos trens.
Que o diga o gestor de Logística Douglas Mendonça, de 34. Usuário do ramal Gramacho/Saracuruna, ele embarca diariamente nos trens da SuperVia para ir até à Central do Brasil, e de lá, seguir de metrô para Copacabana, na Zona Sul onde trabalha. Por conta dos problemas nos trens, raramente consegue chegar no horário no trabalho.
— O atraso é diário, não há pontualidade. A gente se programa para chegar num horário, mas nunca consegue por conta do trem. Nesta segunda-feira, por exemplo, o trem programado para sair de Saracuruna às 7h24 só foi partir às 7h36. Em Gramacho teve mais atraso. Acabei chegando no trabalho com 40 minutos de atraso — disse .
Procurada, a SuperVia alegou que, na maioria das vezes, a ampliação de intervalos acontece por causas externas. Abaixo, a íntegra da nota:
"A SuperVia respeita a atuação dos órgãos fiscalizadores e, de acordo com as diretrizes regulatórias, a própria concessionária envia dados e informações para as apurações necessárias das ocorrências que afetam a operação dos trens, sejam elas internas ou externas.
A empresa reforça que, na maioria das vezes, os casos de necessidade de ampliação dos intervalos acontecem por causas externas."
Via: Jornal Extra
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