Trens de Santa Cruz, Japeri e Paracambi praticamente não passaram durante toda a manhã. Deodoro só reabriu às 12h30. JAPERI - O governo do e...
Trens de Santa Cruz, Japeri e Paracambi praticamente não passaram durante toda a manhã. Deodoro só reabriu às 12h30.
JAPERI - O governo do estado informou no final da tarde desta quinta-feira (10) que determinou uma apuração sobre a suspensão do serviço de trens em três ramais da SuperVia, que aconteceu no início da manhã, no Rio e Baixada Fluminense. Ainda de acordo com o estado, a Agetransp e o Procon-RJ também vão investigar os problemas na malha ferroviária, além de avaliar o atendimento aos usuários e os procedimentos para o reestabelecimento da circulação do modal.
De acordo com o Procon-RJ, caso as justificativas da concessionária não sejam aceitas pela equipe técnica da autarquia, a empresa poderá ser multada em mais de R$ 12 milhões.
Em nota, a assessoria do estado informou que o secretário de Transportes André Luiz Nahass Andre Luiz Nahass, ex-diretor da da Supervia e que ainda representa a concessionária em ação contra o governo do Rio, enviou uma carta à concessionária e "cobrou um posicionamento sobre a omissão na prestação de esclarecimentos e demandou a apresentação, em 24 horas, de um plano de contingência e explicações sobre o ocorrido".
Nova multa
Nesta quinta, o Procon-RJ multou a Supervia em R$ 1,6 milhão, referente à fiscalização realizada em maio no ramal Santa Cruz, que inclui a estação de Quintino. Na ocasião, foram encontrados problemas de má conservação das estações, falta de acessibilidade, atrasos entre os trens, superlotação, homens em vagões exclusivos para mulheres, passageiros circulando pelos trilhos e ausência de informação aos consumidores quanto aos horários dos trens.
A autarquia tem realizado ações de fiscalização nas estações para apurar como o serviço é prestado à população. Até o momento, a SuperVia acumula R$ 10,9 milhões em multas desde o início da operação Estação Segura.
Entenda o que aconteceu
Trens de três ramais da Supervia praticamente não circularam durante toda a manhã desta quinta. Passageiros protestaram ainda nos trilhos, e um grupo vandalizou estações e composições.
Passageiros da Supervia caminham nos trilhos / Foto: Reprodução/TV Globo
O problema começou em Quintino, no Ramal Santa Cruz, às 6h30. A Supervia alegou que o trem parou “porque um dispositivo de segurança foi acionado por um fator externo” — mas, até a última atualização desta reportagem, a concessionária não tinha dito que “fator externo” foi esse.
Por volta das 9h, ainda com o Ramal Santa Cruz parado, a circulação nos de Japeri e Paracambi foi suspensa — as três linhas usam a mesma malha ferroviária.
Somente às 12h30 os trens voltaram a andar em Santa Cruz. A Estação Deodoro reabriu depois de uma manhã inteira fechada.
Passageiros desamparados
A aposentada Jandira Ortêncio tinha previsto pegar um trem às 5h para ir fazer uma cirurgia. A composição em que estava, porém, foi a que enguiçou em Quintino.
Jandira e os outros passageiros, depois de meia hora sem assistência, tiveram de descer dos vagões e caminhar pelos trilhos. Mas a idosa, mancando muito, acabou pedindo ajuda e foi carregada até a plataforma.
A aposentada Jandira Ortêncio teve de ser carregada / Foto: Reprodução/TV Globo
“O trem veio bem lento, parando... quando chegou em Quintino, parou de vez. O tempo foi passando, não tivemos uma resposta, uma posição. Os passageiros me ajudaram a descer, que é alto, e eu caminhei um pouquinho. Não deu, a perna foi doendo. Foi quando eles me pegaram para me transportar até a estação”, narrou.
“O patrão não quer saber. Você tem que chegar no horário. A gente depende do trabalho, e se eu for mandado embora, eles vão fazer o quê?”, questionou Rubenilson Rubens.
A técnica em enfermagem Maria Aparecida Nascimento reclamou da falta de assistência. “Ficamos parados mais de meia hora em Quintino, sem ninguém dar uma informação. Tivemos que descer na ferrovia, gente doente, um senhor operado, idoso, criança, uma falta de respeito. Nem o maquinista falou nada!”, disse.
A atendente de telemarketing Jaqueline Barbosa fez coro. “A gente ficou uns 40 minutos dentro do trem, sem nenhuma explicação. Descemos, a Supervia não ajudou, cada um se ajudou ali a descer”, lamentou.
Vandalismo
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